quinta-feira, 15 de maio de 2008

Jongos, calangos e folias. Música Negra, memória e poesia

Um comentário:

QUISSOCA disse...

Acho que sou um Negro esclarecido pelo fato de ter os pés fora do Brasil. A minha perícia atua-se no campo da medicina interna e da saúde publica.
Eu quero saudar (hamdjambo) o venerando irmão Kabengele por sua alta contribuição na compreensão da dinâmica racial no Brasil, em particular no que concerne o esclarecimento, a educação também do povo negro do Brasil no que tange o seu porvir sócio-politico e cultural.
O pior cego é aquele que não quer ver: Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente; aquele que se nega a ver a verdade.
Então, qual é a visão do negro brasileiro perante a sua exclusão arbitraria do comboio do progresso econômico?. Porque é que ele esta algemado e sentado no cais sem poder adentrar o “TGV” (Trem de Grande Velocidade) do progresso econômico na Terra do seus entes queridos?. Sera que a senzala mudou de jeito?
O Apartheid brasileiro tem algo tão pungente: É muito engraçado, além de ser cruel porque dá a impressão que “ta tudo bem lá dentro”, mas na verdade “ta tudo podre lá dentro”.
Da a impressão que “ta tudo perfumado lá dentro com alegria tomando conta do povo negro negro, cada dia é uma razão de festejar, o carnaval permanente ”, mas na realidade, “ta tudo fedorento lá dentro e povo fica pranteando, sentado no chão, nas ruas ou dentro dos casebres, povo injustamente e cruelmente empobrecido pelo roubo do fruto de seu trabalho, povo barateado sem vergonha pelo o poder capitalista e neo escravocrata do brasil, onde o branqueamento do pensamento, até mesmo da alma e da cultura negra é o desafio do poder em vigor! Chega com esta desgraça meus irmãos”.
Sera que a Historia julgará o negro brasileiro por ser “o cego que não quis ver” ?
Os esquadrões da Morte continuam a atuar dia apos dia no Brasil, e isto não é segredo nenhum.
O arsenal da morte usado hoje é variado e bem mais sofisticado: (maquinas de fogo – drogas de toxicodependência – Desemprego – etc...) o resultado fica sempre invariável: isto é: a matança, o extermínio das crianças afro-descendentes que são a nossa riqueza, riqueza infelizmente sacrificada no altar da confusão por causa da divisão nossa, da disfunção das famílias negras, mecanismo de guerra sócio-politica escolhido pelo o inimigo para atingir seu objetivo que é de acabar conosco. A matança continua insidiosamente como um câncer roendo as vísceras e espalhando metástases. Sera que que estou exagerando? Pintando um quadro tão lúgubre? Este processo mórbido e fatal tem que parar rapidamente.
Quando o direito ao trabalho e salario dignos está sendo negado aos negros, quando o direito ao abastecimento mínimo está sempre negado ao povo negro, o pior dos desesperos toma conta deles e acarreta processos patológicos perniciosos como droga-adição, furtos, assaltos a mão armada, divórcios, estupros, abandono escolar, desconexão social e a morte.
O Negro brasileiro padece uma violência inadmissível e insuportável, violência premeditada e perpetrada pelo poder capitalista e racista do estado federal brasileiro que continua a negar a evidencia.
O Negro brasileiro é a vítima de uma conspiração imunda que remonta desde o século 18, começando nas beiradas orientais do oceano atlântico e culminando nas Américas.
De uma certa forma, o pesadelo continua. Não precisamos de cesta básica, nem de esmolas: queremos a reparação condigna dos danos causados pelos traficantes de seres humanos que são os antigos mestres de escravos, hoje representados pelos seus netos e bisnetos. QUEREMOS RECONHECIMENTO, REABILITAÇÃO E REPARAÇÃO.
Eduardo César QUISSOCA,
Angolano vivendo na diáspora aqui na Bélgica.